Imagine que um servidor público do INSS consiga liberar mais de 20 mil benefícios para empréstimos consignados em menos de dois meses — sem o titular necessariamente ter pedido.
É exatamente isso que está sendo investigado: o órgão detectou indícios de desbloqueios irregulares em grande escala.
A seguir, você vai ver como tudo foi descoberto, quem pode estar envolvido, quais riscos isso traz para os beneficiários e o que o INSS tem feito para evitar fraudes.
O que revelou a investigação até agora
- A CGMob (Coordenação-Geral de Monitoramento e Cobrança Administrativa de Benefícios) produziu uma nota técnica sigilosa que analisou dados de janeiro a março de 2025.
- Nesse período, um único servidor foi responsável por 20.400 desbloqueios para novos empréstimos consignados, em apenas 39 dias.
- Foram identificados cinco servidores sob suspeita, e os casos foram encaminhados para a Corregedoria do INSS e para a Polícia Federal.
O que significa desbloquear benefício para empréstimo
- Quando o INSS concede um benefício novo (aposentadoria, pensão etc.), ele já sai bloqueado para empréstimo consignado por até 90 dias. Só após esse período ou mediante solicitação é que o desbloqueio pode ser feito.
- Esse desbloqueio é essencial para permitir que os bancos façam o desconto na folha de pagamento ao oferecer empréstimos consignados.
Irregularidades detectadas
- Em 45% dos casos rastreados não existia registro formal de solicitação por parte do titular para desbloquear o benefício. Isso indica que o desbloqueio aconteceu sem autorização clara.
- O servidor com mais desbloqueios também fez operações em feriados e finais de semana, inclusive em dias sem expediente oficial do INSS — algo incomum para algo que deveria obedecer protocolos rígidos.
- Outro profissional investigado fez 15,900 desbloqueios em 53 dias, com pico de quase mil liberações em um único dia.
Quais são os riscos para os beneficiários
- Possibilidade de contratação de empréstimos que o beneficiário não autorizou ou desconhece, o que pode causar descontos surprises no benefício.
- Fraudes podem comprometer a credibilidade do sistema previdenciário, gerar perdas financeiras para aposentados e pensionistas.
- Vulnerabilidade institucional: falhas no controle interno podem permitir que agentes públicos atuem de maneira irregular.
O que o INSS já está fazendo para enfrentar a situação
- Iniciou processo administrativo disciplinar contra servidores investigados.
- Dados do relatório foram repassados para a Polícia Federal.
- Medidas corretivas foram anunciadas: bloqueios imediatos de benefícios quanto há suspeita, exigência de biometria para desbloqueio e reforço na segurança dos acessos.
CONCLUSÃO
Essa investigação mostra que existem brechas sérias que podem ser exploradas por quem quer se beneficiar indevidamente — e que isso pode afetar diretamente cidadãos que dependem totalmente de seus benefícios.
Se quiser, posso te ajudar a verificar se seu benefício está bloqueado ou desbloqueado de forma irregular, como acompanhar notificações do INSS ou registrar uma denúncia, para proteger seus direitos.
Perguntas frequentes
É legal desbloquear benefício para empréstimo sem autorização do beneficiário?
Não. O desbloqueio requer solicitação formal ou autorização clara do titular. Fazer isso sem autorização configura irregularidade.
Quantos benefícios foram desbloqueados nesse caso suspeito?
Um servidor desbloqueou 20.400 benefícios em 39 dias; outro servidor realizou quase 15.900 desbloqueios em 53 dias.
O que é a CGMob e o que ela faz?
É a Coordenação-Geral de Monitoramento e Cobrança Administrativa de Benefícios do INSS. Ela faz auditorias, mapeamentos de operações suspeitas e monitora padrões de desbloqueios, descontos e empréstimos consignados.
O que posso fazer se suspeitar que meu benefício foi desbloqueado sem minha autorização?
Você pode:
- Verificar o status do bloqueio/desbloqueio no Meu INSS.
- Solicitar o bloqueio imediato, se estiver desbloqueado e não tiver autorizado.
- Registrar ocorrência junto ao INSS ou denunciar à ouvidoria ou instâncias competentes.
- Consultar jurídico ou defensor público, se sentir seus direitos feridos.
VEJA TAMBÉM: 3 PAGAMENTOS INSS!