Você lê isso e acha impossível — mas o relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) revela que a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag) tentou descontar benefícios de pelo menos 22 pessoas já falecidas.
Entre 2021 e 2024, foram detectadas tentativas de retirar valores de aposentadorias e pensões mesmo após o óbito.
A entidade ligada ao PT nega irregularidades, mas o caso já chegou à CPMI do INSS, gerando busca por transparência e responsabilização.
O que exatamente aconteceu? Quais são as evidências? E como a Contag reage? Vamos por partes.
O que diz o relatório da CGU?
De acordo com documento enviado à CPMI do INSS:
- A Contag tentou descontar benefícios de ao menos 22 falecidos.
- As tentativas ocorreram em 2021, 2023 e 2024.
- Em um caso, o benefício foi alvo de desconto quatro anos após a morte da pessoa.
- A Contag repassou uma explicação: afirmou que as autorizações de desconto foram dadas em vida, antes do falecimento, e que o processamento pode ter sido tardio por questões de sistema.
- Aduziu ainda que o sistema PDMA do Dataprev foi implementado apenas em setembro de 2024, o que teria causado atrasos.
Ou seja: o documento aponta indícios de descontos irregulares, mas a entidade defende que não cometeu ilegalidade intencional.
Por que a Contag está sob suspeita?
A Contag não foi alvo pontual, mas recorrente nas investigações:
- Já foi apontada por movimentar R$ 3,4 bilhões em descontos não autorizados em levantamentos anteriores da CGU.
- A presidente da entidade, Vânia Marques Pinto, foi convocada pela CPMI.
- Ela tem ligações políticas: participações em eventos com lideranças do PT e histórico de apoio ao partido, o que amplia o escrutínio político.
- A entidade manteve que os 22 casos apontados representam um universo muito pequeno (em meio a 1,3 milhão de autorizações).
Esses fatores intensificam o debate sobre controle institucional e responsabilidade das entidades sindicais em operações junto ao INSS.
Quais os argumentos da Contag?
Em nota oficial, a Confederação disse:
- Não teve acesso ao relatório da CGU enviado à CPMI.
- As 22 autorizações foram assinadas antes do óbito, segundo eles.
- Problemas operacionais no sistema PDMA (Dataprev) teriam causado atrasos no processamento.
- Relativizou o número sob análise: das 1,3 milhão de autorizações do sistema Contag, apenas 22 foram destacadas.
Ou seja: eles reconhecem discrepâncias, mas afirmam que não houve ação deliberada para fraudar benefícios após a morte.
Quais as consequências políticas e legais?
O episódio pode ter repercussão nas seguintes frentes:
- A CPMI do INSS pode aprofundar investigações, convocar responsáveis e pedir penalidades.
- Se comprovada culpa, a Contag poderia enfrentar processos por fraude administrativa, danos ao erário ou atos contra segurados e pensionistas mortos.
- Politicamente, o escândalo alimenta críticas sobre uso partidário de entidades sindicais e associações vinculadas a governos.
- A credibilidade da própria estrutura de fiscalização do INSS e das entidades envolvidas fica sob pressão.
Conclusão
O relatório da CGU traz acusações graves contra uma entidade tradicional do meio sindical: descontos de benefícios de pessoas mortas deveriam ser casos apagados, não alvo de manobra contábil.
Se a Contag provar que agiu sem dolo e dentro da lei, abre-se margem para defesa; se não, o caso poderá gerar consequências institucionais profundas.
Perguntas Frequentes
O que denunciou o relatório da CGU?
Que a Contag tentou descontar benefícios de ao menos 22 pessoas já falecidas, inclusive em anos posteriores ao óbito.
Quando essas tentativas ocorreram?
Nos anos de 2021, 2023 e 2024.
Qual a explicação da Contag para esses casos?
Diz que as autorizações foram feitas antes da morte, e que atrasos no sistema PDMA causaram processamento tardio.
O que significa que a entidade é “ligada ao PT”?
Histórico de apoio político, presença em eventos com lideranças petistas e alinhamentos administrativos com o partido.
Qual é a investigação em curso?
A CPMI do INSS vai apurar os casos, convocar responsáveis e emitir relatório com conclusões e possíveis punições.
Há outros indícios de irregularidades da Contag?
Sim: denúncias anteriores apontam que a entidade movimentou R$ 3,4 bilhões em descontos não autorizados.
VEJA TAMBÉM: INSS SAIU no DIÁRIO OFICIAL